Experimento pH do planeta mobiliza o País

12/10/2011 09:31
Caio Henrique de Oliveira, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Governador Roberto Santos, em Salvador, recentemente saiu da sala de aula com um grupo de 20 colegas para passar o dia no Dique do Tororó e no Porto da Barra. A missão: coletar a água desses locais para análise. Poderia ser mais uma corriqueira atividade escolar, mas, na realidade, os estudantes estavam participando de algo muito maior. Um experimento global da água, chamado de pH do Planeta, que envolve diversos países e é uma das atividades do Ano Internacional da Química (AIQ 2011).

“Isso mudou minha percepção da química. Antes eu só tinha a teoria do que era o pH, não conhecia nada na prática. E ainda foi legal participar de um projeto tão importante para o planeta”, conta Oliveira, que quer fazer vestibular para engenharia civil. “Hoje me sinto mais consciente e jogo o lixo em seu devido local”, acrescenta. “Houve um impacto positivo, pois eles puderam ver mais além da questão matemática do pH, como se aplica e como ele pode influir na nossa vida. Muitos querem retornar para novas coletas”, conta Adson Moradillo, professor que acompanhou os alunos do Colégio Estadual Governador Roberto Santos.

O experimento é uma das atividades AIQ propostas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). Rios, lagos, igarapés, nascentes, poços e o mar são os alguns dos objetos de pesquisa da ação, efetuadas por alunos de ensino fundamental e médio de escolas públicas, com a coordenação de seus professores e de professores de universidades.

No Brasil, as atividades estão sendo coordenadas pelos órgãos representativos da química brasileira e o experimento faz parte de um conjunto de ações propostas pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ), com a ideia de melhorar a educação e a pesquisa em química no País. O resultado de todos os países envolvidos será apresentado na cerimônia oficial de encerramento do Ano Internacional da Química, em dezembro deste ano, na sede da Unesco, em Paris.

Ação – A atividade é simples. Os alunos coletam a água de uma fonte natural local em duas garrafas pet. Ao voltar para a escola, as amostras são analisadas com azul de bromotimol e púrpura de metacresol, soluções que indicam o pH. Os valores médios originados dos resultados da turma devem ser lançados no Banco de Dados Nacional do Experimento Global, juntamente com informações sobre a amostra e a escola participante, dentro do portal nacional de recebimento dos dados Química Nova Interativa (QNInt), da SBQ (http://qnint.sbq.org.br/qni). “São kits com dois indicadores, substâncias que não têm grau toxicidade significativo e de fácil manipulação por qualquer pessoa”, esclarece Moradillo.

Rezende conta que apesar dos 2000 usuários cadastrados, apenas cerca de 400 resultados foram enviados. “É legal ter essa participação, mas a gente precisa que as pessoas respondam”, alerta. Moradillo e seus alunos já completaram essa etapa. “Agora os estudantes estão trazendo novas amostras, de outras localidades, que podem ser de sua residência ou de uma represa perto de casa, por exemplo”, revela, dizendo também que pretendem voltar aos pontos de coleta para outra amostra, já que o pH da água do dique apareceu acima do esperado.

Segundo a professora, o número de kits que serão distribuídos pelo projeto do AIQ, ou seja, fora os dos INCTs, é de 35 mil. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2011, que acontece de 17 a 23 de outubro, incluiu o experimento entre suas atividades e espera-se que aumente significativamente o número de entradas de experimentos no portal.

(Editado do material de Clarissa Vasconcellos – Jornal da Ciência)

Em Santa Catarina a UFSC é uma das instituições que está distribuindo o kit